João Carlos de Sousa Morais

SOUSA MORAIS (João Carlos de). Chefe de música e compositor que nasceu no lugar da Coroada, freguesia de Santa Maria dos Anjos, do concelho de Valença do Minho, a 29 de Setembro de 1860, filho de António de Morais e de D. Delfina das Dores de Sousa. Grande apaixonado pela arte dos sons, a que tanto se havia de dedicar, João Carlos de Sousa Morais manifestou desde muito novo o desejo ardente de seguir a profissão musical. Para esse fim, assenta praça voluntariamente no Batalhão de Caçadores n.º 7 (Valença), onde foi aluno, e o mais brilhante, do chefe da respectiva banda, António Duarte Argar. Naquele Batalhão se mantém até 1885 e, dadas as suas qualidades de trabalho, o seu amor pelo estudo e a sua intuição artística, consegue subir rapidamente às categorias superiores e ser promovido ao posto de mestre de música em 18 de Março de 1885, com 21 anos de idade.

Na qualidade de contramestre é transferido para o Regimento de Infantaria n. º 2, em Lisboa. Aproveitando a sua estadia nessa cidade, matricula-se no Conservatório e faz os dois primeiros anos do Curso de Harmonia. Mais tarde, já como chefe de música, transita para o Regimento de infantaria n. º 17, aquartelado em Beja, sendo, depois, colocado no Porto, a fim de assumir a regência da Banda do Regimento de Infantaria n.º 6.

Como compositor, são bem conhecidas as suas obras, principalmente as rapsódias, género de música em que, provavelmente, Sousa Morais mais se distinguiu. Destas, entre outras, podem citar-se as seguintes: Rapsódia de Cantos do Minho, Rapsódia do Alto Minho, Rapsódia de Cantos Populares do Porto, Rapsódia do Baixo Alentejo, Rapsódia Hilariana, Rapsódia da Serra do Pilar e Flores do Minho.

Escreveu centenas de composições profanas e religiosas, como fantasias, aberturas, marchas, divertimentos, polcas, etc. Mencionemos alguns desses trechos de música que Sousa Morais nos deixou: A viagem do Gama (ode sinfónica), que ele considerava a sua melhor obra; as fantasias intituladas: A Espadelada, Cenas da rua, Devaneios campestres e A Montanhesa (esta última, escrita em 1909, descreve a romaria de Nossa Senhora do Faro -Valença); várias Fantasias militares; as operetas Feiticeiro de bronze, Fábio, Flor de neve e Um Serafim caído das nuvens; Marcha concertante a Mouzinho de Albuquerque; Homenagem a Braga e Trio de cornetins com piano. De carácter mais ligeiro: Instantâneos, Episódios internacionais; Outono; O despeito; Caprichosa, Cavalaria portuguesa e O combatente (Le Combattant) (marchas); As bailarinas (polca de três cornetins); Adeus à Virgem (para piano e canto), etc., etc. - A maior parte das suas composições foi escrita para banda, mas tambérn apresentou obras para orquestra, tuna, piano e canto.

João Carlos de Sousa Morais foi reformado, por motivos de saúde, no posto de alferes, o posto mais elevado que podia atingir um chefe de banda militar, em 7 de Novembro de 1901.

Fixando residência em Braga, passado pouco tempo, ali viveu alguns anos e exerceu a sua actividade como professor e como regente de uma orquestra de teatro que ele próprio organizou e dirigiu em récitas e representações teatrais. Sousa Morais faleceu a 4 de Outubro de 1919, no Porto, onde se encontra sepultado. (Texto adaptado de Álvaro Carneiro, A Música em Braga, 1959 (pp. 354-363). 

Fonte: https://anossamusica.web.ua.pt/

Catálogo

Abertura
Marcha de Concerto
Outro
Rapsódia
Solista(s)